Cães podem auxiliar o ser humano de diversas formas. Existem os cães-guia, que são treinados para auxiliar pessoas com deficiência visual e estes já são bem conhecidos entre nós. Mas você sabia que tem crescido muito a atuação dos cães em terapia? Isso mesmo, é a chamada Terapia Assistida por animais, tendo o cão como terapeuta auxiliar em psicoterapia. Temos visto cada vez mais os cães como excelentes auxiliares e companhias tranquilizantes para pessoas que sofrem de algum tipo de transtorno. Você já viu a relação de uma criança autista com um Golden Retriever? Alguns desses animais acalmam seus tutores, trazendo tranquilidade, calma e estabilidade emocional.
Por milhares de anos o cão tem sido o melhor amigo do homem, ele sempre foi uma companhia útil ao ser humano, demonstrando aptidão no auxílio da caça, levando cargas, pastoreando ou simplesmente sendo cães de guarda.
Com o passar dos anos os cães foram sendo aos poucos, domesticados e tendo uma relação mais próxima com o ser humano, tornando-se auxiliares em tarefas, mas permanecendo bons companheiros e legítimos pertencentes à família, como membros que recebem o mesmo amor e cuidado que qualquer outro parente (ou pelo menos é o que se espera quando as pessoas adotam animais hoje em dia). De acordo com o trabalho Terapia por Animais: O cão como Terapeuta Auxiliar em Psicoterapia, de Solange Curti e Ailton Bedani pelo Centro universitário Capital, postado no CONIC SEMESP, o trabalho de psicoterapia com cães como auxiliares terapêuticos não é único e pode ser feito em diversos ambientes, com a supervisão de diversos profissionais aptos para tal atividade.
A Delta Society é uma organização sem fins lucrativos, fundada em 1977 que tem como objetivo promover melhorias na saúde humana, independência e qualidade de vida com o auxílio dos animais. Eles definem a terapia assistida por animais como sendo uma intervenção dirigida na qual um animal que está apto e se enquadra em determinado critério faze parte integral do processo de tratamento. A terapia assistida por animais é dirigida por um profissional com perícia, dentro do escopo da prática da sua profissão. E terapia assistida por animais tem como objetivo promover uma melhora no funcionamento físico, social, emocional ou cognitivo do ser humano. A atividade assistida por animais é uma oportunidade motivacional, recreacional, e/ou terapêutica para aumentar a qualidade de vida. Ela ocorre em uma variedade de ambientes, com profissionais especialmente treinados, para fins profissionais, e/ou voluntários, em associação com animais para alcançar um objetivo específico.
No Brasil, a psiquiatra Dra. Nise da Silveira (1905 - 1999), foi pioneira no uso de animais (cães e gatos) em terapias, no hospital psiquiátrico D. Pedro II, no Rio de Janeiro. Esses animais auxiliavam processos terapêuticos com pacientes psicóticos buscando atrair a atenção e o afeto destes, logo, os animais eram facilitadores no objetivo de se estabelecer uma ponte entre os pacientes com o mundo real.
Para os cães poderem auxiliar nas atividades de terapeutas precisam apresentar comportamento amigável com estranhos; apresentar também comportamento consistente, gostar de estar com pessoas e sentir-se recompensado com reforço social, os cães precisam de controle da sua saúde, com atualização de vacinas, exames regulares de fezes para controle de giárdia e salmonela, tratamento anti-parasitológico, atestado negativo para parasitores e ácaros, não apresentarem queda exagerada de pelos, e doenças na cavidade bucal ou na pele, portanto é necessário constante avaliação por médicos veterinários e adestrador, uma vez que também precisam ser treinados, socializados e mostrarem comportamento dócil. Ficam excluídos dos programas cães que apresentam comportamento anti-social ou agressivo e fêmeas no cio, exclui-se os cães que apresentam medo exagerado à sons inesperados ou movimentos bruscos. Todas essas regras são necessárias para que o trabalho do animal auxiliar na terapia assistida seja sempre positivo, trazendo benefícios para ambas as partes: ser humano e animal.
É interessante ver como a atuação dos animais mudou na vida dos seres humanos, e também perceber que agora, o ser humano não utiliza mais o animal somente como um membro facilitador de tarefas, mas como um membro que nos auxilia emocionalmente. Alguns estudos demonstram que ao começar uma relação de afetividade com os animais, as pessoas passam a sentir mais empatia e compaixão. De acordo com Almeida¹, Almeida² e Braga², no estudo intitulado ‘’Aspectos Psicológicos na Interação Homem – Animal de Estimação’’, da Universidade Federal de Uberlândia pelo IX Encontro Interno & XIII Seminário de Iniciação Cientifica:
‘’Recentemente, pesquisadores relataram à melhora psicológica e emocional do convívio homem e animal de estimação, revelando que a maioria dos proprietários de cães e gatos afirmou que a qualidade de vida melhorou após a introdução dos animais de estimação, sendo observado também, uma diminuição das tensões entre os membros da família aumentando a compaixão inclusive no convívio social (Barker, 1998).’’
E aí, você também tem um animal para te fazer companhia e vocês trocarem amor, respeito e muitos carinhos? Se você não tem e se sente sozinho, aconselho adquirir um, mas só se você puder cuidar com muito amor ter uma relação recíproca de respeito, confiança e afetividade.
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